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sábado, 15 de janeiro de 2011

Da Vez Primeira




Da vez primeira em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha…
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha…

E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada…
Arde um toco de vela, amarelada…
Como o único bem que me ficou!

Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! Desta mão, avaramente adunca,
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!

Aves da Noite! Asas do Horror! Voejai!
Que a luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!

(Mário Quintana)

2 comentários:

The Secret disse...

...Infelizmente, nunca se apaga!

Silvia Chris Schwarz disse...

que nao esta morto aquilo que eh capaz de eterno jazer, e mesmo ao longo de eras estranhas, mesmo a morte pode morrer...