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terça-feira, 27 de março de 2012

Beauty

Sad melody sounds in my heart
I await endlessly for the non existent pictures
I cannot forget the awakening time
When the heat was burning in my hand
I don't name you because you drown
Far from my knowledge but i want to believe
That you exist somewhere beyond the time
Again you imprison me when the dusk comes
I know every thought you hide
I cannot believe in the words of goodbye
When the heat was burning in my hand
They roar like the waves leaden by the inspiration
I reveal all secrets but again you leave
When the dawn comes i tear the golden dreams
Where no one dreamed of real dreams
I can remeber the roar of the waves
And the roar of the storm
I wanted to keep the fragile moment
But looking for freedom
I picked up the flower of longing

terça-feira, 20 de março de 2012

Eu Sou do Tamanho do que Vejo

Da minha aldeia veio quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.

Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema VII"

sexta-feira, 16 de março de 2012

Snow Flower and the Secret Fan



Flor de Neve e o Leque Secreto 

 

Flor de Neve e Lírio são duas meninas que vivem na China do século 19. Embora vivam em condições de vida diferentes, elas possuem as mesmas obrigações: a de serem esposas perfeitas de maridos que nunca viram. A única escolha de uma mulher seria a da amizade, assim elas se tornam Iaotong, amigas por toda eternidade.
Mais tarde separadas elas passam a se comunicar por meio de leques, onde escreviam utilizando a escrita Nushu, conhecida somente por mulheres.
Paralela as histórias de Flor de Neve e Lírio, Nina e Sophia, duas amigas que vivem no século 21, descobrem a beleza da tradição do Iaotong e as dificuldades que envolvem o amor profundo e verdadeiro.


Flor de Neve e o Leque Secreto é baseado no livro de mesmo nome da autora Lisa See, e apresenta de forma sensível o universo dessas mulheres que sofriam a mutilação de seus pés, pois isso era o padrão de beleza da época. Embora aparentem fraqueza, as mulheres possuíam um universo único, paralelo ao mundo em que viviam.









Maravilhoso filme, eu indico com certeza!
Uma história para todos que tem sensibilidade e poesia em seus corações.

 


sexta-feira, 9 de março de 2012

Poemas Inconjuntos

Dizes-me: tu és mais alguma cousa
Que uma pedra ou uma planta.
Dizes-me: sentes, pensas e sabes
Que pensas e sentes,
Então as pedras escrevem versos?
Então as plantas têm idéias sobre o mundo?
Sim: há uma diferença.
Mas não é a diferença que encontras;
Porque o ter consciência não me obriga a ter teorias sobre as cousas;
Só me obriga a ser consciente.
Se sou mais que uma  pedra ou uma planta? Não sei.
Sou diferente. Não sei o que é mais ou menos.
Ter consciência é mais que ter côr?
Pode ser e pode não ser.
Sei que é diferente apenas.
Ninguém pode provar que é mais que só diferente.
Sei que a pedra é a real, e que a planta existe.
Sei isto porque elas existem.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram.
Sei que sou real também.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram,
Embora com menos clareza que me mostram a pedra e a planta.
Não sei mais nada.
 
Sim, escrevo versos, e a pedra não escreve versos.
Sim, faço idéias sobre o mundo, e a planta nenhumas.
Mas é que as pedras não são poetas, são pedras;
E as plantas são plantas só, e não pensadores.
Tanto posso dizer que sou superior a elas por isto,
Como que sou inferior.
Mas não digo isso: digo da pedra, "é uma pedra",
Digo da planta, "é uma planta",
Digo de mim, "sou eu".
E não digo mais nada. Que mais há a dizer?
A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.
Basta existir para se ser completo.
Tenho escrito bastantes poemas.
Hei de escrever muitos mais, naturalmente.
Cada poema meu diz isto,
E todos os meus poemas são diferentes,
Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto.
Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não meu perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada.
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.
Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.
Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto;
Mas acho que isto deve estar bem porque o penso sem estorvo,
Nem idéia de outras pessoas a ouvir-me pensar;
Porque o penso sem pensamentos
Porque o digo como as minhas palavras o dizem.
Uma vez chamaram-me poeta materialista,
E eu admirei-me, porque não julgava
Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
Eu nem sequer sou poeta: vejo.
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
O valor está ali, nos meus versos.
Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade.


Alberto Caeiro
7.11.1915.
Do livro: "O Eu profundo e os outros Eus", de Fernando Pessoa, 12ª Ed., Ed. Nova Fronteira, 1980


(Obrigada Aline, minha fada azul, por me mostrar este lindo poema num dia em que eu já nem sei mais quem sou...te amo muito)

domingo, 4 de março de 2012

Caíssa



Dos exércitos em ordem de batalha no campo quadriculado,
Manifestados em forma agradável e em guerra inocente;

Quando dois reis arrojados lutam com futís alarmes,
Este em marfim, e aquele em armas de ébano;

Cante, esportivas donzelas, que assombram o morro sagrado
De Pindus, e do famoso riacho da Pieria.

Vós, júbilo de todos abaixo, e de todos acima,
Venus suave, rainha do riso, rainha do amor;

Deixe a sua ilha lustrosa, onde sobre muita a rosa
E muito cravo o seu trem florescente repousa:

Ajude-me, deusa! desde que um lindo par
Comanda minha canção, como vós divinamente formosa.

Acolá, perto do fresco ribeirão, cujas águas viventes brinca,
E levantam translucentes no raio solar;

Debaixo do esconderijo de um abrigo fragante,
Onde as ninfas da primavera reclinam em calmo retiro,
E flores invejosas abarrotam em torno de seus assentos

Onde a Delia foi entronizada, e por seu lado
A doce Sirena, ambas em orgulho de beleza:

Assim reluz duas rosas, frescas com florescente matinal,
Que de seu caule nativo dispensa perfume;

Suas folhas desdobram ao raiar do dia
Gemas do prado resplandecente, e olhos de Maio.

Uma banda de jovens e mocinhas se assentavam ao redor,
Suas tranças fluindo ligados com mirto agaloado;

Agatis, na dança graciosa admirada,
E gentil Thyrsis, pela musa inspirada;

Com Sylvia, a mais formosa do trem alegre;
E Daphnis, condenada a amar, contudo amar em vão.

Agora enquanto (o) rubor mais puro estende-se sobre suas faces,
Com abrandantes acentos assim ora Sirena:

"Os prados e gramados estão tingidos com luz irradiante,
As cotovias despertando começam seu voo sonoro;

Enquanto em cada banco as gotas de orvalho sorriem doçemente;
Que esporte, minha Delia, deverão as horas seduzir?

Deverão notas divinas, prolongadas com diversa arte,
Encantar o afetuoso ouvido, e acalorar o enlevado coração?

À distância deveremos contemplar a caça Silvana?
Ou apanhar com linhas de seda a corrida dos peixes?"

Delia então: "Ou ao invés, desde que nós nos encontramos
Por azar reunidos neste fresco retiro,

Em disputa engenhoso deixe o nosso trem guerreiro
Mover-se bem dirigido sobre o campo presidir:

Nenhum prêmio necessitamos para inflamar o nosso ardor;
Nós lutamos com prazer, se nós lutarmos pela fama."

A ninfa consente: donzelas e jovens preparam-se
Para observar o combate, e compartilhar o esporte:

Mas Daphnis deverá aprovar o audacioso desenho,
Que o Amor instruiu, e as Nove melódicas.

Ele levantou-se, e sobre a mesa de cedro colocou
Um tabuleiro polido, ornado com diferentes cores;

Consiste, em igual ordem, de oito quadrados vezes oito;
Estes brilhante como a neve, aquelas negros com sable corante;

Como o alvo largo nacido da tartaruga,
Ou como o couro usado por panteras manchadas.

Então de um baú, dos inofensivos heróis guardados,
Ele derramou sobre a calma planície duas hostes bem-forjadas;

Os campeões queimaram seus rivais para assaltar,
Duas vezes oito em prêto, duas vezes oito em branca-leitosa malha;

De forma e lugar diferente como em nome,
Seus vários movimentos, seu poder não é o mesmo.

Diga, musa! (Júpiter que nada de vós tem ocultado)
Quem formou as legiões sobre o campo nivelado?

Os veneráveis reis aparecem altos no meio,
E sobre o resto levantam os seus cetros emperlados:

Um passo solene, majesticamente vagaroso,
Eles gravemente se movem, e furtam-se do inimigo perigoso;

Se alguma vez chamarem, os súditos atentos saltam,
E morrem com êxtase se eles salvarem seu rei;

Sobre ele depende a glória do dia,
Uma vez ele aprisionado, todo o conflito termina.

As rainhas exultando perto de onde estão os seus consortes;
Cada uma conduzindo na sua mão um mortal faim;

Agora aqui, agora ali, elas saltam com orgulho furioso,
E reduzem as fileiras trêmulas de lado a lado;

Veloz como Camilla voando sobre o principal,
Ou levemente roçando sobre a planície orvalhada:

Ferozes como podem parecer, algum Plebeu em arrojado lance
Poderá penetrar seu escudo, ou por fim a toda sua carreira.

Os guardas valentes, suas mentes em devastação voltados,
Preenche os próximos quadrados, e vigiam a régia tenda;

Embora fracas as suas lanças, embora pequena a sua altura,
Eles se movem Compactos, a baluarte da luta,

À direita e esquerda as alas marciais manifestam
Suas armas reluzentes, e em pé em ordem de batalha cerrada.

Veja, quatro arqueiros, ansiosos para avançar,
Mande o junco ligeiro, e precipite com oblíquo olhar;

Através dos ângulos eles assaltam o inimigo,
Leais às cores, que ao início eles escolheram.

Então quatro arrojados cavaleiros fomosos por coragem e velozes,
Cada cavaleiro exaltado num corcel empinado:

Seu curso arcando não sabe de nenhum limite vulgar,
Transversando eles saltam e apontam insidiosos golpes:

Nem amigos, nem inimigos, restringe sua rápida força,
Por um ligeiro salto eles ganham dois quadros mudando;

De matiz variados se renovam o ataque furioso,
E correm de preto ao branco, do branco ao preto.

Quatro elefantes solenes defendem os lados;
Debaixo da carga de maçicas torres elas curvam:

Sobre a linha inalterada elas tentam a luta;
Agora esmagam a esquerda, e agora soterram a direita.

Reluzentes na frente os soldados intrépidos levantam
Suas lanças polidas, resplendem seus capacetes de aço:

Eles em pé preparados a golpear o audacioso inimigo,
Dirigir o seu progresso, mas suas feridas oblíquas

Agora inchado as tropas embatadas com fúria hostil,
E clangoram seus escudos, impacientes a empenhar;

Quando Daphnis assim: Contempla um plano variado,
Onde reis de fadas desdobram suas tendas mímicas,

Como Oberon, e Mab, sua rainha caprichosa,
Conduzem para diante seus exércitos sobre o verde de margaridas.

Nenhuma mão mortal tramou o maravilhoso esporte,
Inventado pelos deuses, e dos deuses derivado;

Deles as ninfas britânicas receberam o jogo,
E jogam cada alvorecer debaixo do Thame de cristal;

Ouça então o conto, que elas cantaram ao Colin,
Enquanto ocioso sobre a onda lúcida ele suspendido.

Uma dríade formosa repicou a selva Trácio,
Seu ar cativante, seu aspecto suave:

Perseguir o veado saltitante foi todo seu júbilo,
Averso de Hymen, e do garôto Cipriano;

Sobre morros e vales sua beleza foi famosa,
E a formosa Caissa a mocinha foi chamada.

Marte viu a donzela; com surpresa profunda ele contemplou,
Admirando sua forma, e todo gesto louvou:

Seu arco dourado a criança de Venus vergou,
Através seu peito uma flecha penetrante enviou.

O cano era esperança, as plumas, agudo desejo;
A ponta, seus olhos; as farpas, o fogo etéreo.

Logo à ninfa ele derramou seu tenro esforço;:
A dríade soberba desdenhou sua dor amorosa:

Ele contou sua mágoas, onde quer ele a donzela encontrou,
E ainda ele continuou, mas ainda Caissa se franzia;

Mas mesmo sua franzias (ah, mas o que sorrisos poderiam ter feito!)
Apaixonado toda sua alma, e vencer todos os seus sentidos.

Ele deixou seu carro, por tigres furiosos puxado,
E sozinho divagou sobre o gramado sombrio;

Então prostrado abatido perto de ribeirão murmurante,
E a formosa Caissa foi seu tema melancólico.

Uma náiade ouviu-lhe do seu leito de musgo,
E do cristal levantou sua plácida fonte;

Então suavemente disse: "Ó vós, quem amor inspira,
Sua lágrimas nutrirão, não apaziguarão suas paixões.

As flores sorridentes embebem o orvalho emperlado;
E a fruta amadurecendo persegue a raça plumada;

Os baixios escamosos devoram as ervas em seda;
Amor sobre nossos suspiros, e sobre nossos lamentos alimenta.

Então não lamente mais; mas antes que vós obtenha
Ungüento às suas feridas, e consolo à sua dor,

Enganar com arte gentil seu olhar marcial;
Seja meigo, e ensine sua fronte austera sorrir.

Poderá vós nenhuma brincadeira, nenhum jôgo calmante planejar;
Para fazê-lo formoso nos olhos da mocinha?

Portanto que poderá suas orações acalmar a dama desdenhada,
E mesmo a Caissa possuir uma constituição mútua."

Gentil ninfa, disse Marte, seu conselho eu aprovo;
Arte, somente a arte, seu seio implacável poderá mover.

Mas quando? ou como? Eles explicam seu sinistro discurso;
Assim poderá seu ribeirão nunca inchar com chuva jorrada;

Assim poderá suas ondas em um corrente puro fluir,
E flôres eternas nas suas beiras soprar!

À quem a donzela respondeu com fisionomia sorridente:
"Acima o palácio da rainha da Pafia

O irmão do amor habita, um menino de porte graciosa,
Pelos deuses chamado Euphron, e pelos mortais Esporte:

Busque-o; aos ouvidos fiéis desdobre seus pesares,
E espere, mas antes do alvorecer retornar, um doçe alívio.

O seu templo pendura debaixo de céus azul-celeste;
Vê vós nuvem prateada acolá? É lá onde ela se encontra."

Isto dito, ela submergiu debaixo da planície líquida,
E procorou a mansão do seu trem de cabelos azuis.

Neste meio tempo o deus, exultante com sincero júbilo,
Havia alcançado o templo do menio esportivo;

Ele contou os encantos da Caissa, sua paixão inflamada,
O conselho da náiade, e seu desejo caloroso.

"Seja ligeiro, ele acrescentou, dê ajuda à minha paixão;
Um deus solicita." - Ele disse, e Esporte obedeceu.

Ele forjou uma placa de moldura celestial,
Embutido com quadrados de prata e de ouro;

Então dos dois metais formou o bando guerilheira,
Que aqui em compacto amostra de batalha espera;

Ele ensinou as regras que guiam o pensativo jogo,
E chamou-a Cassa do nome da dríade:

(De onde os filhos de Albion, quem mais seus lovores confessa,
Aprovaram o jôgo, e o chamaram pensativo Xadrez.)

O deus deleitado agradeceu o Esporte indulgente;
Então agarrou o tabuleiro, e deixou sua corte arejado.

Com pés radiantes ele penetrou as nuvens; nem ficou,
Até que nos bosques ele viu a bela donzela:

Cansada com a caça a mocinha sentou reclinada,
Sua cinta afrouxada, seus seios irrestritos.

Ele tomou a forma de um fauno brincalhão
E ficou diante dela sobre o gramado florido;

Então mostrou a sua placa: contente a ninfa examinou
As tropas sem vida em fileiras brilhantes manifestos;

Ela perguntou ao astuto silvano para explicar
Os vários movimentos do esplêndido trem;

Com coração ansioso ela apanhou a tradição vencedora,
E mesmo pensou Martes menos odioso do que antes;

"Que encantamento", disse ela, "iludiu minha mente descuidada?
O deus foi formoso, e eu fui tão cruel".

Ela falou, e viu o fauno mudando assumir
Um aspecto mais ameno, e uma coloração mais formosa;

Seus chifres enfeitados, que das suas têmporas cresceu,
Fluiu abaixo em cachos de brilhantes matizes celestiais;

Os cabelos malhados, que velou seu rosto sem amor,
Resplandeceu em raios, e revelou uma graça divina;

O couro peludo, que cobriu seu peito,
Foi suavizada à uma veste transparente

Que através das suas dobras seu peito vigoroso revelou,
E membros nervosos, onde ardor juvenil fulgurou:

(Se Venus tivesse visto ele naqueles encantos florescentes,
Nem a rede de Vulcano teria forçado ela dos seus braços.)

Com pés como bodes ele não mais marcou o solo,
Mas com flôres ligadas seus sândalos de seda saltitaram.

A dríade enrubesceu; pois ele apertando-a, sorriu,
Enquanto todas as suas ansiedades um olhar tenro seduziu.

Ele termina: Às armas, as donzelas e jovens gritaram;
Às armas, os arvoredos e vales sonoras respondem.

Sirena conduziu à guerra a tripulação trigueira
E Delia aqueles que portavam a matiz lirial.

Quem primeiro, ó musa, inicia o ataque arrojado;
O branco refulgente, ou o negro lamentoso?

A formosa Delia primeiro, como a sorte favorecendo ordena,
Move sua legiões pálidas em direção ao trem sable:

De pensamento em pensamento sua imaginação vivaz voa,
Enquanto sobre o tabuleiro seus olhos cintilantes correm.

Finalmente o guerreiro move com passos arrogantes
Que da planície o rei nevado divide:

Com igual celeridade seu rival trigueiro salta;
Seu aljava sacudia, e seu escudo soava:

Ah! Jovens infelizes, com calor fatal vocês ardem;
Leis, já fixadas, proibe-vos retornar.

Então do flanco um lanceiro de curta vida lançou-se
Perigosamente arrojado, e veja! ele morre, ele morre:

O herói de testa escura, com um golpe vingativo
Da vida e lugar priva seu inimigo marfinizado.

Agora se precipitam ambos exércitos sobre o campo brunido,
Arremesam o dardo veloz, e rendem o escudo rupturando.

Aqui cavaleiros furiosos sobre corcéis fogosos empinam,
Mas veja! A Amazona de túnica branca contempla
Onde a hoste escura a sua vanguarda inicial desdobra:

Tão logo seu olho discerne a donzela hostil,
Por escudo ébano, e por capacete ébano traida;

Sete quadrados ele passou com fisionomia majestosa,
E em pé triunfante sobre a rainha que caia.

Perplexo, e lamentando o destino do seu consorte,
O monarca veemente com raiva, desespero, e ódio:

Veloz da sua zona ela sacou a lâmina vingante,
E, zangado com ira, o orgulhoso virago abateu.

Enquanto isso o rei cauteloso da doce e sorridente Delia
Retirou-se da luta circulando por detrás a ala.

Por muito tempo a guerra suspendeu em igual equilíbrio;
Até que, imprevisto, saltou um corcel de marfim,

E, ferozmente empinando numa hora mal,
Atacou ao mesmo tempo o monarca e a torre:

Sirena enrubesceu; pois, como as regras exigiam,
Seu soberano ferido à sua tenda retirou;

Enquanto sua torre perdida deixa suas alturas ameaçadoras,
E acrecenta nova glória ao cavaleiro exultante.

À isto, temor pálido oprimiu a donzela vergada,
E na sua face a rosa começou a desbotar:

Uma lágrima de cristal, que estava preparado a cair,
Ela enxugou em silêncio, e escondeu de todos;

De todos exceto Daphnis; Ele notou a sua dor,
E viu a fraqueza do seu trem ébano;

Então, gentilmente falou: "Permita-me suprir sua perda,
E ou nobremente vencer, ou nobremente morrer;

Tenho tido frequente fortuna coroada com sucesso formoso,
E levou à triunfo nos campos do Xadrez".

Tendo dito: a ninfa bem disposta abandonou o seu lugar,
E sentou à uma distância sobre o banco reclinou

Assim quando Minerva chamou seu chefe às armas,
E o torreão alto de Tróia estremeceu com terríveis alarmes,

A deusa Cripriana ferida deixou a planície,
E Marte engajou em vão uma força mais poderosa.

Direto Daphnis conduz seu esquadrão ao campo;
(Às armas de Delia é mesmo uma alegria ceder.)

Cada armadilha enganosa, e cada arte sutil ele tentar,
Mas encontra seu coração menos potente que os olhos dela:

Sabedoria e força obedece aos encantos superiores;
E beleza, beleza, ganha o dia muito batalhado.

Por isto um chefe venerável, desejar em chacina,
Aproximou a tenda desprotegida do rei melancólico;

Onde, tarde, seu consorte espalhou desânimo por toda parte,
Agora seu corcel escuro deitado sangrando no solo.

Saudações, juventude alegre! suas glórias sem cantar
Irão viver eternas nos lábios do poeta;

Porque vós deverão logo receber uma mudança esplêndida,
E sobre a planície com mais nobre fúria estender.

Os líderes trigueiros viram a tempestade iminente,
E empenharam-se em vão seu soberano defender:

O invasor agitou seu lance prateado no ar,
E voou como relâmpago ao quadrado fatal;

Seus membros dilatados em um momento cresceram
À alturas majestosas, e aumentaram ao olhar;

Mais feroz seu aspecto, mais como leão a sua fisionomia,
Sublime ele movia, e parecia uma rainha guerreira.

Como que quando o sábio sobre uma planta desdobrando
Tem apanhado uma môsca errante, ou uma formiga frugal,

Sua mão aplica o quadro micoscópico,
E eis! um monstro de cabelos brilhantes encontra seus olhos;

Ele ve novas plumas enroladas em caixas esbeltas;
Aqui manchadas com azul-celeste, acolá gotado com ouro;

Assim, sob o olhar alterado dos chefes de ambos os exércitos,
E ambos reis estão fixados com assombro profundo.

A espada, que antes armou a donzela branco-neve,
Ele agora arroga, e não mais arremesa o lance;

Os saltos indignantes da banda de túnicas escuras,
E cavaleiros e arqueiros sentem sua mão fatal.

Agora voa o monarca do escudo sable,
Suas legiões subjugadas, sobre campo solitário:

Assim quando o amanhecer, puxados por corséis rosados,
Com pérolas e rubis semeam o gramado esverdeado,

Enquanto cada estrela pálida galeria celeste azul se retira,
Venus ainda fulgura, e por último de todos expira.

Ele ouve, onde quer que ele se mover, o som temeroso;
Examina os vales profundos, e examina a repercurssão dos bosques.

Nenhum lugar resta: ele ve o destino certo,
E cede seu trono à ruina, e chequemate.

Um rubor mais brilhante cobre a face da mocinha,
E meigamente assim o jovem conquistado diz:

"Um triunfo duplo, Delia, tens vós ganho,
Por Marte protegido, e pelo filho de Venus;

O primeiro com conquista corôa sua arte inigualável,
O segundo aponta aqueles olhos ao coração de Daphnis".

Ela sorriu, as ninfas e jovens amorosos levantaram,
E à beleza própria ganhou o prêmio mais nobre.

Profundos no seu baú as tropas mímicas foram deitadas,
E tranqüilo dormiu a sombra sable do herói.

William Jones, 1763

Traduzido por Randyl Kent Plampin, 2006